O humanismo é um movimento que se inicia no século XV com a ideia
renascentista de dignidade do homem,
considerando-o como centro do Universo. A visão humanista não rompe a
relação entre homem e natureza, mas considera o homem um ser natural diferente
dos demais, afinal é racional e livre, sendo assim, agente ético, político,
técnico e artístico (CHAUI, 2000). Neste momento histórico, começa uma mudança
de perspectiva, onde o foco de estudo e preocupação deixa de ser os Deuses e a
natureza e passa a ser o humano.
Tempos depois, por volta das
décadas de 1950 e 1960, a psicologia se apropria da concepção humanista,
utilizando seus conceitos e forma de compreensão do ser humano na atuação
psicológica e no embasamento de diversas abordagens. Surge então essa terceira
via em contrapartida com o Behaviorismo e a Psicanálise.
A Gestalt-terapia é uma das
abordagens consideradas humanista, que por sua vez, faz uso dos princípios do
humanismo no fundamento de seu conceito de pessoa. Assim o humanismo se
apresenta como uma filosofia de base da Gestalt-terapia.
Uma das principais características
do humanismo que embasam a Gestalt-terapia (GT) é a admiração e apreço pelo ser
humano, uma visão positiva deste ser, como alguém que sempre busca progredir e
se aperfeiçoar. Este princípio também fundamenta a visão de patologia dentro da
GT, onde acreditamos na sabedoria organísmica e consideramos as “doenças” como
ajustamentos criativos, ou seja, a melhor forma que o indivíduo encontrou de
lidar com determinada situação, que passa a ser patológico quando provoca sofrimento.
Esse sofrimento é gerado muitas vezes, devido ao ajustamento criativo tornar-se
desatualizado ou cristalizado, ou seja, foi útil em algum momento passado, mas
passa a não ser mais.
Segundo a teoria humanista o ser
humano é o senhor de si mesmo, cada pessoa é única, singular e deve ser
respeitada dentro desta visão. Essa
teoria reconhece a totalidade do ser humano, como um ser formado de alma e corpo,
assim sendo uma totalidade harmoniosa pertencente ao universo (RIBEIRO,2011).
O humanismo considera o ser
humano como destinado a viver no mundo e dominá-lo, entretanto a Gestalt-terapia
não mantém a visão de que o ser humano deve dominar o mundo, pois considera o
homem criatura do Universo, compelindo a
ele ser o seu guardião e defensor (RIBEIRO,2011).
Em Gestalt-terapia consideramos
o ser humano como pessoa-universo, de forma que não é possível compreender o
universo e o ser como algo separado, já que somos pessoas-no-universo. Pensar o
ser humano fora deste universo, não é realmente possível, a não ser através de
uma abstração teórica, mas nunca a partir de uma prática.
Ênio Brito Pinto (2009)
apresenta que, a partir das raízes do humanismo, a Gestalt-terapia não nega o
trágico da vida, mas privilegia o belo e positivo do ser humano, enfatizando
seu potencial criativo e transformador, o considerando um ser de possibilidades.
Desta forma, a visão humanista enfatiza a condição do homem, de ser inacabado e
imperfeito, entretanto destacando sua capacidade de se aperfeiçoar.
Nesta perspectiva o ser humano é
visto como um eterno vir-a-ser. Assim, todo ser é dotado de potencial que, por
sua vez, precisa ser descoberto, atenciosamente olhado e cuidadosamente
desenvolvido.
REFERÊNCIAS
CHAUI, Marilena. Convite
à filosofia. São
Paulo: Ática, 2000.
PINTO, Ênio Brito. Psicoterapia de curta duração na abordagem gestáltica: Elementos para a prática clínica. 2.
ed. São Paulo: Summus, 2009.
RIBEIRO, Jorge Ponciano. Conceito de mundo
e de pessoa em Gestalt-terapia: revisitando um caminho. São Paulo:
Summus, 2011.
Que lindo! Sou estudante de psicologia e me sinto completamente atraída por esse caminho da Gestalt terapia. Esse texto me emocionou! É em que eu acredito! Obrigada por compartilhar conosco seu conhecimento!
ResponderExcluirEstou terminando esse semestre de Psicologia, desde do quinto semestre me apaixonei pela Gestalt Terapia. Percebo que é uma abordagem que vê o cliente não somente a parte adoecida e sim o todo. Amei seus escrito. Gratidão por compartilhar.
ResponderExcluirSou psicóloga e quando estava no quarto semestre escolhi como abordagem a Gestalt terapia
ResponderExcluirÉ uma abordagem que realmente me identifiquei logo no início da graduação
Gostei muito do seu texto, me esclareceu e me incentivou a estudar mais sobre a Gestal terapia. Estou no nono período de psi. e me identifico com a tudo relacionado á teoria humanista, agora mais ainda com a Gestalt terapia.
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